27.5.07

luís, leonor



entretanto em casa de lúis, leonor e luís esqueciam o mundo depois de um jantar leve mas apiparalhado com uma becazinha de tinto de qualidade e de conversas intimistas. ambos olhavam um para outro. nota-se cientificamente que ambos os indivíduos estão disponíveis para acasalar. ela várias vezes desvia o olhar dele, simulando vergonha, numa atitude mista de consentimento e vergonha forjada, cumprindo assim o seu papel de fêmea na economia do processo da procriação. finge que foge ao seu olhar para mais estimular o instinto de caça no homem. para ele sentir a adrenalina subir ao perseguir a sua presa. ele sente-se a ofegar baixinho como se fosse um pobre sepultado debaixo de uma laje de betão. ela olha e entreabre ligeiramente os lábios que resplandecem de vermelho, que se colam e descolam um ao outro. os seus lábios parecem inchados, riscados de vermelho, morfologicamente vaginais. luís sente o seu pénis a palpitar ligeiramente emocionado.
tecnicamente são o objecto de desejo um do outro e a sensação subjectiva de prazer e bem-estar aumenta o instinto do acasalamento.
invisíveis hormonas transudavam dos corpos dos amantes e os receptores nasais capturavam-nas e enviavam a mensagem ao cérebro: o outro está disponível. informações secretas de desejo imiscuem-se sub-repticiamente nas mentes dos dois namorados. em ambos os sexos os mamilos tornam-se erectos. e na mulher há um aumento do seio até um máximo de 25 % do volume inicial. luís e leonor tocam-se inicialmente nos ombros e nas mãos, nos braços, enquanto se beijam. posteriormente as mãos, órgãos sensoriais do tacto por excelência, iriam percorrer outras zonas do corpo menos tocadas socialmente. este contacto é acompanhado pelo beijo, primeiro com os lábios fechados, explorando-se mutuamente, e posteriormente língua-língua, língua-lábios, o que provoca nele a congestão dos corpos esponjosos e cavernosos. esta dilatação do seu sexo quase lhe provoca desconforto. por sua vez também o clitóris de leonor aumentou de volume. o próprio útero de leonor se irá expandir a um máximo de 50% e mudar a sua inclinação de modo a tornar mais fértil o aparelho genital feminino. os grandes lábios também aumentam e os pequenos adquirem um tom vermelho tipicamente sexual, algumas veias aparecem à superfície da pele dos seios. por baixo arfam dois pulmões que, devido à excitação e aumento do metabolismo, ingerem oxigénio para levar á célula mais carburante.
luís agora agarra-lhe com uma pata pelo pescoço, por trás, e entra-lhe com a língua na boca, como se fosse uma oclusa derrubada. a erecção torna-se macroscopicamente observável aumentando o volume do pénis e a sua cor. luís abre a sua braguilha exibindo o pénis à sua parceira. manifestação inequívoca de que está pronto para seguir para a fase do coito. segura o doce membro entre o polegar e o indicador puxando a glande para fora repetidas vezes, exibindo o sexo à parceira. observa-se ainda nos dois indivíduos o quebrar do decoro social e o avanço a passos vistos para uma actividade sexual franca e, podemos assim afirmar, aberta. os dois contribuintes geme e suspiram enquanto se apalpam. leonor deixa que luís lhe ausculte as mamas, primeiro levemente com a ponta dos dedos, depois puxando-lhe a blusa para baixo e enterrando-lhe os dedos nas tetas. ela entreabre os joelhos e deixa passar a dextra que lhe vai apalpar o rego humedecido. os pintelhos entusiasmam-se. a lubrificação vaginal não provém das glândulas de bartholin mas sim de um transudado plasmático dos vasos capilares da mucosa de leonor.
a roupa é retirada e ambos os corpos se esfregam. a pele é um órgão que envolve os dois mamíferos, um órgão termorregulador e captador dos estímulos dolorosos e tácteis. os corpos esfregam-se e a pele de ambos em contacto uma com a outra envia sinais de todo o tipo ao cérebro de cada um deles. desde o ph da pele à compatibilidade imunitária do casal até à muito evidente excitação sexual. luís tem um gesto de alguma rudeza ao atirar as pernas de leonor para trás e puxar-lhe as cuecas para fora. ela aprecia este gesto e incita-o à penetração peniana.
na leonor ocorre uma clara tumescência das auréolas além de uma erupção maculopapular embora inconstante no epigastro que se estende pelo pescoço, ombros e mamas, também chamado de rubor sexual. luís penetra leonor na vulgarmente chamada posição do missionário. ela ergue os joelhos em direcção ao céu. os grandes grupos musculares contraem-se e distraem-se, não só em luís que contrai os glúteos e os dorsais em arco suportando-se nos joelhos e nas palmas das mãos, mas também leonor que ajuda à penetração elevando a bacia de encontro ao seu parceiro. assim ambos colaboram para uma penetração profunda. O esforço, a delapidação de energia através da degradação de açucares a nível celular, o somatório dessa queima de açucares à escala molecular provoca a nível macroscópico uma aceleração do ritmo cardíaco até cento e trinta batimentos por minuto e uma respiração ofegante. O libertar de tanta energia provoca um aumento da temperatura corporal que precisa de ser compensado através de refrigeração sudorífera. leonor agora tem as pernas suspensas no ar com o macho no meio cada vez mais enterrado nela. luís atinge uma actividade paroxística com espasmos parcialmente incontrolados. luís provoca pelo seu contacto repetido um orgasmo em leonor, isto provoca-lhe uma grande descarga de tensão neuromuscular produzindo vocalizações. em luís a próstata sofre uma série de contracções, juntamente com a uretra e as vesículas seminais. a ejaculação de luís torna-se um facto científico irrefutável, acompanhado, por acaso ao mesmo tempo de uma prolongação em réplicas do orgasmo de leonor.
ambos sofrem uma gama variada de experiências sensoriais e somáticas podendo-se constatar nos dois parceiros um estado transitório de obnubilação da consciência talvez mais acentuado e prolongado em leonor.
- caramba! - geme ele. - até me iam saindo os colhões picha fora.
abraçam-se com uma observável camada de suor a revesti-los. os corpos resplandecem. ambos respiram mais devagar embora muito profundo. a frequência cardíaca diminui. há uma mútua e subjectiva noção de prazer generalizado. luís tem um período refractário que pode durar pelo menos alguns minutos em que não pode ser estimulado outra vez. leonor não tem organicamente este período refractário e pode experimentar orgasmos sucessivos e repetidos. talvez um dia se masturbe à frente dele mas hoje ainda não se sente à vontade.
- foi bom. - diz ela.

15.5.07

capa (provisória)



Esta, depois de melhorada, vai ser a capa do meu livro "cadernos de fausto" a publicar em breve pela Chili com Carne