2.12.03

um espaço em branco

um espaço em branco, que não foi quando se escreve, as minhas mãos, o cimento despejado é na aorta, essas bombas coronárias que em fluxo, que correr na planície e no areal, polido de vento e de chuvas. a correr com o fôlego aos farrapos. um torso da serra, deitado na catástrofe. aqui houve um vulcão, de quem está no guincho a ver a serra. e depois ainda o espírito confuso. a perturbação. a eterna e cíclica perturbação. vou ter de morrer outra vez, parece-me. enquanto o vendaval leva os trapos e plásticos pelos ares. e a maresia resfolega amarelada de resíduos de crude. e as ondas gigantes e enérgicas redemoinham o litoral. nada se consegue e é tudo muito triste. apesar de continuarmos a correr, a fazer jogging, num frio cortante e em céus nietzchianos, a fazer corridas para tentar fazer funcionar o coração.

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