25.8.03

citoplasma

um lago com uma mulher triste. os pensamentos como uma máquina de lavar. quando te encontrei talvez fosses uma estátua. ou uma ideia abandonada sob escombros. (...) no chão jazia o esqueleto de uma catedral. com aquela brancura do osso característica, com a porosidade da morte. um pântano como uma mulher sem filhos. os pensamentos arrancados do chão com uma retro-escavadora. o martelo pneumático. a dinamitação dos teus olhos. uma ideia abandonada sob os escombros, sob o entulho. (...) o coração prematuro. crucificado no próprio esterno. um bosque gregoriano, com restos de civilizações perdidas. um altar carbonizado, uma tumba com as tripas de fora. marte aproxima-se, a decadência do ocidente (...) quando te encontrei pensei que eras um bocado de pedra sagrada. fui-me apercebendo lentamente do teu rosto através dos séculos e dos espelhos, através de um nevoeiro de cimento. o teu rosto era um espiritismo nocturno. um espiritismo nocturno e através da pedra vê-seum lago, onde uma mulher se despe em arcanos. e no chão jaziam despojos humanos e os restos de uma catedral. (...) quando te encontrei pensei que eras um organismo num mecanismo. estava á procura de te encontrar. memso não sabendo que eras. à procura de conquistar algo inexpugnável, tão belo como uma arma, (...) um bosque onde se perde a esponja dos pensamentos. o encéfalo em estrutura de bolor, o vento e os esporos. um espelho de cartilagens onde escavas galerias à procura do marco geodésico da alma, à procura do coração do coração.

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